#Achados em Cape Town

Depois de três semanas batendo perna pelas ruas mais europeias da África, devo dizer: tem muito pra conhecer, viver e fazer na Cidade do Cabo. Listei abaixo os cinco principais achados que cruzaram meu caminho.

Mojo Market e Old Biscuit Mill

As taurinas pira com os mercados de comida de rua de Cape Town – com destaque pra dois que entraram de cabeça no coração dessa esfomeada que vos escreve: Old Biscuit Mill e Mojo Market.

O primeiro que visitei foi o Old Biscuit Mill (375 Albert Rd) e já entrei em delírio. A feira só acontece aos sábados, começando às 9h e terminando às 16h, e é praticamente uma experiência de volta ao mundo gastronômica tamanha a diversidade: tem comida cape malay e swahili, asiática (coreana, japonesa, chinesa, tailandesa…), britânica (chás e fudges), turca, mediterrânea, espanhola (shakshouka, paella)…

Com tanta variedade, é difícil escolher qual vai ser o almoço – tudo enche os olhos, como essa bancada de comida mediterrânea
Tem chá pra tudo que é gosto: gelado, quente, feito na hora, instagramável…
Sobram opções pros vegetarianos, como os espetos de cogumelos do Funki Funghi
Um suco de maçã como você nunca provou antes: o segredo é a vanilla que adicionam
Barshee veio da Turquia com seu marido e filha e, como viu oportunidade no forte turismo de Cape Town, abriu seu próprio negócio
O fudge é um doce inglês e lembra muito o nosso doce de leite – esse de amarula é dos deuses!

Já o Mojo Market fica no bairro de Sea Point (30 Regent Rd) abre todos os dias das 8h às 23h. Além da variedade de comidas (são mais de 30 estandes), tem cervejas artesanais, vinhos e um espaço com telão e palco pra assistir esportes e/ou ouvir música ao vivo. Preciso recomendar dois pratos que experimentei e que me levaram ao céu: os noodles com frango japonês marinado em molho de saquê, gengibre e shoyu com maionese do No Fixed Address e o sanduíche de cordeiro com rúcula do Mount’s Spitbraai. Cada um custa 100 rands, cerca de R$ 30 (2019).

Sincronicidade em Swahili se fala como?

Me encantei com o colar usado por Sibongili no cabelo. Ela tinha dificuldade pra atravessar a rua, ajudei e papeamos – no final, me revelou o significado de seu nome em Zulu: ‘Obrigada’. Não pude deixar de sorrir.

Coffeeholics

Red! The Gallery

Cape Town é um prato cheio pra quem ama um coffee shop. A cidade tem uma infinidade e, como se não bastasse, todos transbordam design. Amei o Red! The Gallery (Bree Street), que funciona também como galeria de arte, e o Espresso Lab, no Old Biscuit Mill, que brinca com o conceito de fórmulas químicas não só nos recipientes, como na própria preparação do café: um pink tonic ou um lemon tonic podem ser misturados com um shot de syrup de cascara, a cereja do café. E o que eu achei demais: nos fundos da cafeteria também há equipamentos industriais pra moer na hora o grão de sua escolha e levar pra casa.

Misture um shot de espresso ou de syrup de cereja de café com gim tônica e corra o risco de querer voltar no Espresso Lab toda vez

Paraíso injustiçado

Nem sempre obedeço quando me dizem “não vá”. Foi o caso de Kirstenbosch, o jardim botânico de Cape Town que não valia a pena ir e ainda pagar 75 rands (cerca de R$ 25) pra entrar se não fosse primavera (“é legal, mas é melhor quando tem as flores e tal”). Acabou sendo um dos meus lugares preferidos daqui. Imaginem um jardinzão à lá Monet aos pés de uma montanha e multipliquem a paz por mil. Quem vier e tiver pelos menos meio dia disponível, vá – independente da estação do ano.

Florestas na cidade

Caso se depare com um matagal no meio da rua, saiba de prontidão do que se trata: um restaurante etíope! Entrei em um só pra pedir o famoso café – e devo dizer que é uma baita experiência, literalmente, porque tem todo um ritual por trás. O garçom traz uma jarra com água e bacia de prata pra que você lave suas mãos, depois traz o café (feito com especiarias, muito delícia) servido com pipoca e uma nuvem de incenso defumador.

No meio da cidade tinha uma floresta…
Café com pipoca – melhor combo
No interior, os restaurantes seguem um padrão de decoração: tudo over, junto e misturado, kitsch até dizer chega

As Sete Maravilhas do Mundo

Wonders (2019), de Zemba Luzemba

Perambulando pelo trio de ruas Loop, Kloof e Long street, fui atraída por um quadro dentro de uma galeria – sete mulheres enfileiradas com seus cabelos múltiplos e mesmo sorriso. Acontece que, quando o artista congolês Zemba Luzamba fez uma investigação sobre as forças que governavam e influenciaram sua vida até o momento, percebeu que todas vinham de mulheres. Então as representou como as sete maravilhas do mundo, com toda a diversidade e complexidade que envolve o feminino. Deu o nome “Wonders” à obra.

Pra quem é amante das artes, fica a dica do First Thursday’s, ação conduzida na Cidade do Cabo e em Johannesburgo: toda primeira quinta-feira do mês, galerias de arte e museus ficam abertos até tarde para receber os visitantes, que devem percorrer o circuito a pé. Quem quiser esticar ainda mais, uma série de festas também acontecem pela cidade.

Marina Pedroso

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