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Trilhas em Cape Town

A Cidade do Cabo tem de tudo: gastronomia dos quatro cantos do mundo, uma penca de cafés, praia, feira de rua.. e trilhas! Com uma cadeia montanhosa circundando a cidade e a promessa de vistas de tirar o fôlego, fazer um pouquinho de exercício dificilmente fica fora do roteiro de quem visita. Tive relacionamento com três trilhas e abaixo conto um pouco sobre cada uma:

Woodstock Cave – nosso relacionamento: “não era amor, era cilada”

Pra começar, fui de penetra nessa trilha, que não é tão conhecida quanto a Table’s Mountain e a Lion’s Head. Fiquei amiga de um casal que estava em outro hostel e, num dia de manhã, mandei mensagem por whats pedindo dicas do que fazer. “Olha, o hostel tá organizando pra levar a galera até uma caverna nas montanhas. Se você chegar em 15 minutos, sai com eles”. Eu ainda tava deitada de pijama e com remela no olho. Quase caí da cama, mas de vez em quando performo umas mágicas: me arrumei em 5 minutos e fui correndo (mesmo) até lá. Cheguei toda suada só pra descobrir que o grupo tinha saído literalmente DOIS minutos antes. Mas dei sorte: o pessoal achou que eu estivesse hospedada e, como tinha mais uma menina lá que tinha perdido o bonde, pagaram outro uber pra nos levar.

Em busca da caverna perdida…

E assim começamos a trilha no pé da Table’s Mountain. E subimos. Subimos. Subimos. A guia era uma voluntária do hostel e, em uma das zilhões de bifurcações, ela parou, olhou em volta e soltou: “então, eu nunca fiz essa trilha antes e acho que errei o caminho”. A bonita estava substituindo uma voluntária que costumava levar a galera pra caverna porque ela tinha adoecido. Abrimos o Google Maps, ligamos pra garota e, mesmo assim, nada de encontrar a bendita da caverna. Andamos por 2h, chegamos em um monte de arbustos com flores amarelas e resolvemos descer – afinal, era meio-dia, o sol tava rachando e a água tava acabando.

Olha lá a danada da caverna – chegamos acima dela e não a encontramos

Na descida, quase no final, deu pra ganhar vista da montanha que tínhamos acabado de subir. “Olha, ali! A caverna… e olha, um monte de flor amarela em cima dela”. POIS É. A verdade nua e crua é que estávamos literalmente em cima da caverna quando resolvemos voltar. Só consegui imaginar a cena de meia dúzia de perdidos procurando algo que estava bem debaixo dos nossos pés. Pelo menos ficou a história pra contar, hahaha!

Table Mountain – nosso relacionamento: “até tentei, mas se fez de difícil e o tempo fechou”

Cartão postal da Cidade do Cabo, a Table Mountain é assim chamada pelo formato de sua chapada. Dá pra subir e descer de teleférico por R360 (cerca de R$ 120) ou fazer um trecho por R200 (R$ 66) – isso porque existem quatro trilhas diferentes (e grátis) até o topo, por onde você pode ir e/ou voltar.

A vista de cima da Table’s Mountain

Quis muito subir com as próprias pernas, mas a questão é que o tempo em Cape Town é extremamente imprevisível e, se as condições não estiverem boas, a Table Mountain fecha – por isso, é legal checar o site, que atualiza sobre a previsão do tempo. Durante minha estadia na cidade, em dezembro, choveu bastante. Além de não terem rolado tantas janelas pra ir, confesso que fiquei com medo de ir sozinha – me falaram que a trilha não era bem sinalizada e, como sou naturalmente perdida e já tinha tido a experiência da caverna não encontrada, achei sensato encontrar pelo menos uma dupla pra ir comigo, o que também não rolou.

No dia em que o tempo finalmente abriu, acabei topando uma carona de dois brasileiros que queriam subir a montanha de bondinho pela manhã e de tarde ir até Muizenberg e Boulder’s Beach, dois lugares que eu também não tinha conhecido ainda e que exigiam um carro. Nesse caso, infelizmente não dava tempo de fazer a trilha, que geralmente leva um dia inteirinho tamanha a dificuldade.

Dia nublado, vista prejudicada: não deu pra ver a baía de Camps Bay

Mas pra quem tem interesse, são essas as trilhas:

Platteklip George: é a mais curta e popular até a montanha. No entanto, os 3km são subestimados – justamente por ser o caminho mais direto, não faz zigue-zague para ajudar a reduzir a mudança abrupta de altitude e por isso acaba sendo bem íngreme. O começo dela fica no estacionamento do teleférico, à esquerda, e dizem as más línguas que a subida pode ser feita em 2h.

Indian Vester: começa no mesmo ponto que a Platteklip, mas à direita. A maior parte da trilha é feita logo abaixo da rota do teleférico e oferece as melhores vistas da cidade abaixo, mas também é a mais desafiadora – leva de 2 a 4h para subir os 2,5 km. Descer a Índia Venster é mais perigoso do que subir e não é recomendado pelas altas chances de dar aquela escorregada. Por isso, considere seguir outro caminho ou o teleférico para retornar.

Skeleton Gorge: Se você curte trilhas embrenhadas pela mata, então essa pode ser a melhor escolha. Por começar no parque botânico de Kirstenbosch, sobe a montanha por uma face muito mais arborizada (ponto positivíssimo em dias de sol – as trilhas anteriores não oferecem sombra). São 6,2km no total, sendo 3h30 até o Maclear’s Beacon, pico da Table’s Mountain, mais 45 minutos até o teleférico.

12 Apóstolos: A trilha com as melhores vistas pra perder o fôlego – a começar pelos próprios 12 Apóstolos, uma sequência de picos bem peculiar na cadeia montanhosa da Table’s Mountain. É uma das opções mais longas (6km), mas também a mais fácil e com a maior variedade de paisagens: dá pra ver o Oceano Atlântico, a Lion’s Head, Muizenberg e a Península do Cabo. Começa por Camps Bay, em uma trilha chamada Kastelpoort. Se eu tivesse encarado subir a pé, teria escolhido essa, definitivamente!

Lion’s head – nosso relacionamento: “deu match perfeito”

O que eu amei essa trilha não tá escrito! Foi mais longa do que esperava mas, em compensação, é linda e interessante: como vai subindo a montanha espiralando em torno dela, a vista pra cidade é praticamente um 360º. Fora umas partes bem doraventureiras, com escadas e correntes pra escalar as rochas -mas calma, você pode escolher uma rota sem surpresas também. Basta pegar à esquerda onde há o sinal abaixo:

Advinha só qual caminho a doraventureira aqui pegou…

Confesso que tem um lado negativo. É uma trilha relativamente fácil (ao ponto de a galera subir com vinho na mochila pra ver o por do sol – que foi exatamente o que eu fiz, hahaha) e, por também ter uma vista espetacular pra Camps Bay, pra Table Mountain e pra cidade, é tremendamente popular e populosa. Sim, rolou congestionamento humano em vários trechos! Meu conselho é subir no começo da tarde, levar lanchos e curtir até o por do sol. Nós fomos tarde (às 17h) e, além do tumulto pra subir, ficamos pouco tempo. A melhor parte: é de graça!

A vista lá de cima é surreal

Dica pós-trilha

Não importa se sua bateção de perna terminar no começo ou no final da tarde, a dica é a mesma: vá pra Camps Bay. Seja pra curtir o por do sol na praia, pra comer e tomar um drink em um dos muitos restaurantes que ficam na orla badaladíssima ou todas as opções anteriores. A vibe lembra muito a Califórnia, apesar de eu nunca ter ido pra lá hahaha.

Do calçadão da praia dá pra ver a Lion’s Head

Se tiver com biquíni por baixo, também vale dar um mergulho em uma das praias escondidas no caminho (porque as entradas ficam na estrada e não são tão óbvias assim – procure por guaritas e encontrarás as escadarias). São elas a Clifton 1st, Clifton 2nd (dos jovens), Clifton 3rd e Clifton 4th (a mais cheia). De quebra, também é possível parar no mirante de Camps Bay – esse lugar tranquilinho aqui:

E aí, qual trilha você faria?

Marina Pedroso

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