Por que Lamu é tido como um dos destinos mais autênticos a se visitar no Quênia?
O arquipélago não só tem um conjunto de ilhas abraçadas pelo Oceano Índico, como abriga um centro histórico preservado de influências externas diversas maneiras. Patrimônio Cultural da UNESCO, a Cidade Velha de Lamu tem mais de 700 anos e é considerada por muitos como o berço do Swahili, uma fusão das culturas persa, indiana, árabe e europeia que predomina o Quênia, Tanzânia e Zanzibar.
Arquitetura em Lamu
As ruas estreitas e labirínticas me lembraram a Stone Town de Zanzibar, mas têm suas peculiaridades. No Old Town as paredes e portões de ferro descascados se misturam com grafittis e uma decadência que transpira um ar de história. Já em Shela, parte norte e mais nobre da ilha principal, não só as construções são feitas de pedra, como de coral e madeira de mangue também. Não dá pra não se encantar com as varandas antigas e floridas e as “Lamu doors”, portas de batentes riquíssimos entalhados em arabescos.
Comida em Lamu
A fama de Lamu por seu atum não é desmedida – grelhado ou ensopado, foi um dos melhores que já comi. Outra delícia típica é o Haluwa, um doce gelatinoso árabe feito com gergelim e especiairias. A loja mais tradicional é o Abubakar Shariff Muhdar Al-Hussein Haluwa Center, aberto há 70 anos.
Locomoção em Lamu
Imagine um lugar que nunca teve veículos motorizados até dois anos atrás, quando as motocicletas chegaram – e não tão bem recebidas por todos, já que representa uma ameaça à tradição que deu fama a Lamu: os burros. Usados como meio de locomoção e transporte de carga há centenas de anos, fazem tão parte da herança cultural do arquipélago que há, inclusive, um centro médico inteiramente dedicado a eles. Lamu é o único lugar do mundo que possui um hospital para burros!
Religião em Lamu
Tendo sido colonizada pelos árabes, 99% da população é muçulmana, sendo uma das regiões mais conservadoras do Quênia. Não à toa, é a casa do festival anual Maulidi, que comemora o nascimento do Profeta Mohammed. Por isso, saiba que pode cruzar com muitas mulheres usando o Niqab, véu que revela apenas os olhos porque diz-se que a beleza da mulher deve ser vista apenas pela família ou pelo marido.
Como chegar lá e cuidados
Para chegar lá, é preferível ir por voo (uma vez no aeroporto, é preciso pegar um barco para atravessar até a ilha principal) – não é impossível ir por terra, mas é mais arriscado. A partir de certo ponto, a região é dominada pelo grupo Al-Shabaab – que até implantou minas em algumas estradas e protagonizou ataques a ônibus e sequestros de turistas, o mais recente no início de 2020. Por isso, há muitas paradas policiais e podem até exigir que uma escolta acompanhe seu veículo.
Não vou dourar a pílula: Lamu é uma joia guardada por um cão de três cabeças. Uma pena, pois a população sofre com a redução de mais de 70% do turismo desde que os ataques se intensificaram, em 2014, já que é o principal meio de renda da região. Quem perde também é quem vem ao Quênia e deixa de conhecer esse universo – inshallah eu volte algum dia…
[…] um cânion a cerca de uma hora de distância de Malindi, cidade mais ao norte da costa. Assim como o arquipélago de Lamu, uma das joias não tão exploradas do […]