Francis é professor da Uganda e ele me contou a seguinte história:
Um dia, durante um exame que dava aos seus alunos de 8 a 10 anos, rondava pela sala quando percebeu uma das meninas inquieta. Não, ela não estava colando na prova: sentada entre dois meninos, ela olhava insistentemente para trás para tentar esconder seu vestido manchado de sangue.
Francis se desesperou – como lidar com a primeira menstruação de uma menina?
Saiu da sala, chamou uma professora e explicou a situação: “você pode, discretamente, tentar ajudá-la? Amarrar algo em sua cintura, talvez… qualquer coisa que a faça se sentir mais confortável.”
O nome disso é empatia. Francis não é mulher e não entende o peso que é correr o risco de ser ridicularizada por causa do próprio sangue, de sentir vergonha do próprio corpo – mas ele teve a sensibilidade de perceber o desconforto de uma menina. De chamar outra mulher para guiá-la. E de ainda pedir a ela que não contasse à garota que ele sabia da situação.
Francis preservou a dignidade de uma menina de 11 anos. Francis é professor. Francis é humano 🌹
Conheci Francis dançando. Estávamos no primeiro dia do Nasser Fellowship for International Leadership, programa criado pelo Ministério de Juventude e Esportes do Egito e patrocinado pelo presidente Abdul Fatah Al-Sisi.
O professor da Uganda contou sua história sobre empatia durante um workshop sobre dignidade promovido pela delegação Paquistanesa – chegamos à conclusão de que ambos os valores estão diretamente conectados: ao compreender e acolher a necessidade do outro, é possível preservar sua dignidade assim como sua própria. Empatia é o poder de usar os sapatos do outro e entender seu ponto de vista, dor, linha de pensamento e contexto sócio-cultural. Dignidade se atém à consciência de seu próprio valor. Se eu reconheço o valor do outro, trabalho o meu próprio também.
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