Eu não fazia tanta questão de ir ao safári. Mas tem alguma coisa de interessante na experiência. Me fez pensar num zoológico ao contrário – os animais selvagens em liberdade e os humanos dentro de um aquário ambulante só observando.
E vou te falar que tem chão pra percorrer, viu? O Parque Nacional do Serengeti ocupa cerca de 30 mil km² do norte da Tanzânia e do sudoeste do Quênia. Aliás, é bem ali na fronteira entre os dois países, entre os meses de maio e setembro, que acontece a maior migração animal do mundo. Estou falando de mais de 1 milhão de gnus, zebras e antílopes em peregrinação, atravessando o rio Mara e levantando a poeira em busca de comida. Ah, claro: talvez você já tenha assistido ao Serengeti sem saber que era o Serengeti. Isso porque é o parque que inspirou o Rei Leão (1994) e inclusive serviu como local de filmagem. O famoso jargão Hakuna Matata é uma expressão local da Tanzânia que, traduzida, significa “sem problemas”.
A dinâmica funcionava assim: de dentro do jipe, ficávamos com os olhos grudados pra fora das janelas amplas tentando encontrar qualquer pontinho destoando na paisagem infinita da savana. Se alguém encontrasse algo, podíamos até abrir o teto do carro e ficar de pé pra ter um ângulo de visão melhor.
E, se nos deparássemos com um engarrafamento de jipes, batata: é porque algum animal foi avistado. Foi o caso abaixo – ficamos no desespero pra saber o que todo mundo estava vendo e, aí, com a ajuda de um binóculos (tem-que-ter essencial!), o encontramos ali no topo da árvore… um leopardo!
O que eu achei absolutamente incrível foi o Ngorogoro, única cratera de vulcão do mundo que possui vida selvagem dentro. A erupção aconteceu há 33 milhões de anos, deixando um rombo de 305 km² x 610m de altura. Um fato curioso é que os animais que ali nascem ali vão morrer pois não conseguem subir a encosta íngreme – a sensação de descer até lá é a de estar em um mundo como o Jurassic Park.
Também gostei da sensação de que estávamos tendo sorte: vimos bichos que raramente aparecem por aí, como o leopardo, cheetas, o serval cat, o chacal, o pássaro secretário. Estranhamente, o único que não vi foi o elefante, que é um dos campeões no ranking de animais avistados… até porque é meio difícil de se esconderem, né.
Me encantei com os hipopótamos por me lembrarem o efeito iceberg – a princípio, orelhinhas fofinhas se destacando no rio. Mas abaixo da superfície, um animal que pode chegar a 5m, pesando 4 toneladas. Nem tudo é o que parece…
Já o chacal e o serval cat, ambas espécies difíceis de serem encontradas, me fizeram pensar na mulher selvagem.
Mas afinal, o safári vale a pena?
Pra fazer pelo menos uma vez na vida, sim. Na minha opinião, três dias são realmente o limite, porque mais do que isso já fica entediante e tira a magia da experiência. Foi lindo ver a vastidão do mundo e a coexistência de tantas espécies juntas: búfalos, gnus, zebras, avestruzes, flamingos…
E, bem, o que dizer? Não é todo dia que você encontra o Pumba cantarolando Hakuna Matata por aí:
No entanto, os preços desanimam: o mínimo da diária é US$ 140. Se optar pelo Parque Nacional do Serengeti, uma dica que soube depois é que fazer do lado queniano é mais barato que do tanzaniano, podendo sair a US$ 100/dia.
Outros safáris na África
Há outros parques pela África também, como o Kruger National Park, uma das maiores reservas de caça do continente, com 19.485 km², e localizado na África do Sul – tenho a impressão que é um dos mais turísticos e, por isso, tem infraestrutura melhor que os demais e é até possível fazer o game drive por sua conta, bastando apenas alugar um carro. Fica a 390km do aeroporto internacional de Joanesburgo e é possível se hospedar em uma dos 17 opções de lodges e acampamentos. O Melhores Destinos fez um post ótimo se quiser saber mais sobre o Kruger Park.
Já no Quênia há duas reservas mais populares: o primeiro é a Masai Mara National Reserve, que compartilha o mesmo ecossistema que o Serengeti – sim, são vizinhos. Tanto em um quanto no outro é possível visitar vilas Masai Mara a um preço extra mas, sinceramente, me incomoda o fato de que a agência atua como intermediária no pagamento – muito provavelmente, apenas uma pequena parte ou nada vá para os Masai.
A segunda reserva queniana mais popular é o Amboseli National Park, a 140 km de Nairóbi e onde você pode encontrar aquele cenário instagramístico famoso de elefantes, girafas e zebras com o Kilimanjaro ao fundo. Nairóbi, aliás, é a única cidade do mundo que tem uma reserva de preservação da vida selvagem bem no meio dela – dá pra ver os arranha-céus ao fundo do Nairobi National Park.
Cheguei a pesquisar preços pra ir no Amboseli, mas entendi que eu ia pagar de novo (e caro: US$ 100/dia) por uma experiência que já tinha tido só pela vaidade de ter uma foto e desisti (tá, sendo gentil comigo mesma: também queria muito ver o Kilimanjaro – subi o bichão, mas nunca o vi com meus olhos porque o tempo todo ficava tampado com nuvens). A vontade de ir ao Hells Gate National Park, no norte do país, era diferente – soube que dá pra fazer um bike safari, que nada mais é do que pedalar pelo parque e trombar com cânions e animais pelo caminho. Um sonho pra esta Dora Aventureira que vos fala!
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