Cheguei do safari no fim da tarde e, supostamente, deveria sair para o Kilimanjaro já no dia seguinte. Qual a chance? Não parece, mas rodar por mais de 10h dentro de um carro e dormir em barracas mequetrefes durante três dias é uma rotina bem cansativa pra mente e pro corpo. Então é claro que não tinha chance alguma de partir pra escalar um pico logo em seguida.
Eu e Glauco falamos com a agência e invertemos a ordem das coisas. A cidade vizinha de Arusha é conhecida por suas Hot Springs e tínhamos pensado em visitar pós-montanha, mas adiantamos os dois dias de descanso. Ficou combinado que o guia nos buscaria em Moshi mesmo.
Kikuletwa Hot Springs
Fui mochileira nutella e ingênua e acabei fechando pela pousadinha mesmo – Nutella porque queria ser prática e fechar isso logo, fiquei com preguiça de pesquisar outras formas mais baratas de ir. Ingênua porque o cara da recepção me deu um truque dizendo que o preço do transporte + entrada por cabeça era 35. Repeti e reconfirmei várias vezes se eram 35 mil shillings e ele repetia e reconfirmava que sim. Mas não tinha ideia de que ficava tão longe (1h de carro) e já na volta desconfiei que estava barato demais… Claro que, na volta, descobri que, na verdade, queriam US$ 35 cada.
Conversando com outros mochileiros depois, soube que alguns tinham pegado o dala dala até a entrada na estrada (Tsh 1.000) e, de lá, sofrido um pouquinho pra encontrar um tuktuk ou mototáxi (Tsh 20.000) pra seguir rua de terra adentro. É perrengue porque há o risco de não encontrar alguém que possa te levar logo de cara – mas andando um pouco pra dentro você encontra uma vila. O trajeto pode levar até 1h30 e, de qualquer forma, já é uma opção super possível pra fazer mais barato do que de carro.
A entrada custa 10.000 Sh (fev 2020). Pra alugar boia ou máscara, também vai ter que desembolsar 10.000 Tsh pra cada – mas a máscara definitivamente não vale porque quase não tem o que ver embaixo da água. Em termos de estrutura, há uma barraca que serve porções e você pode combinar pra montar o almoço, mas nós levamos melancia, pasta de amendoim e pão pra forrar o estômago e economizar.
Enfim, lugar paradisíaco que chama, né? A surpresa foi que a lagoa que chamam de hot springs não é nem um pouco quente. Me diverti com um trapézio improvisado pendurado em uma das árvores, pegando impulso e me jogando. E vale saber: nadando à direita da piscina principal há um túnel de palmeiras que te leva até uma segunda piscinona à direita. Pra mim foi ainda mais impressionante pela quietude e por todos os canarinhos cantando, voando e fazendo ninho às margens. Parecia que eu tinha passado por um portal e nadado direto pra um mundo encantado!
“Pronto, agora sim dá pra encarar o Kilimanjaro”, pensei no caminho de volta enquanto admirava pela janela do carro uma penca de baobás. Mal sabia…
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