A vida é perigosa, Fabiano. Mas também é delicada. É um sopro, um presente, uma loucura.
Não dura pra sempre, mas guarda todos os segundos eternos. Não é pros fracos, mas tem a paciência de ensinar.
A vida é uma aventura, uma viagem, uma história – tem começo, meio e fim.
Para alguns a despedida no final é um adeus. Para outros, um até logo…
A vida é tudo, mas ao mesmo tempo é nada. É ilusão. Experiência psicotrópica.
Pode ser simples. E é. No entanto, experimente encontrar alguém que a explique: não dá.
Perguntaram ao poeta e ele disse uma vez que a vida é a arte do encontro embora haja tanto desencontro. Pra mim, é a arte do desapego – tudo passa, ninguém fica.
A vida é uma menina, uma avó, uma professora. Ela me pede com urgência pra ser mulher, mas pra continuar sendo a menina dela também. Eu digo que não quero crescer – sou uma das garotas perdidas de Peter Pan que vaga pelo mundo. Mas há de se enxergar a vida como ela é, Fabiano. Às vezes é o capitão gancho brincando com o crocodilo e o tempo. E pode ser uma coisa e outra: Uma medusa que endurece quem ousa encará-la nos olhos, mas também a Afrodite que lembra o quanto vale o amor.
Outro dia descobri o conselho de um escritor que amava criar suas páginas sem pontos finais: “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo” – é disso que a vida se trata, Fabiano. É o gosto salgado da lágrima, a cantoria do vizinho, o disco velho dos Beatles e o último bombom da caixa. São os beijos que ele usou pra me acordar num domingo de sol, o último carinho que vó Mélinha fez no meu cabelo, o tombo que levei andando de skate, o mundo que eu descubro com um mochilão nas costas e a água do mar lavando e levando tudo.
A vida é perigosa, sim. Mas é que ela é tantas outras coisas antes disso…
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