Completei uma semana de Cidade do Cabo e dessa viagem doida – tem sido incrível, mas rolou uma dorzinha. Uma coisa é viajar por viajar, outra é tentar dar um propósito pra tudo, estabelecer expectativas e objetivos pra cumprir – eu me propus a fazer um pouco dos dois. Conhecer o mundo, mas transformar isso em alguma coisa que agregue não só a mim. E aí que se tornar sua própria chefe é difícil. Fazer isso na estrada é ainda mais desafiador porque você não controla absolutamente nada. Tem que rolar um equilíbrio entre a disciplina e a redenção às serendipidades que aparecem no caminho.
Na praia com Andrea, minha primeira host no Couchsurfing, chorei no desabafo por sentir que não tinha feito grande coisa da minha viagem até o momento… em UMA semana! Sempre me cobrei muito em tudo: odeio perder tempo, sentir que estou gastando energia pra chegar a lugar algum. Se não estou produzindo, significa que estou procrastinando – e aí vem a minha chibatada.
Percebi o quanto de São Paulo ainda tem em mim. A cobrança por uma hiperprodutividade pra ter resultados X dentro do menor espaço de tempo, a culpa por ter um momento de ócio, por se permitir um pouquinho de liberdade. Na velha rotina, me sentia mal quando tirava um dia de folga, quando não estava ocupada. E essa é justamente uma das questões que quem viaja a longo prazo precisa ficar atento. Os problemas não somem porque você pega um avião pra longe deles, não. Vem tudo na bagagem. Porque são tretas internas, não externas.
Não foi uma semana de folga, mas de detox. É difícil respirar em São Paulo. Tomamos café preto e olhamos no relógio a toda hora, mas esquecemos de ser gentis com nós mesmos. Estou tentando não ter pressa nessa cidade que tem sol até oito e meia da noite, viver meu próprio tempo, sair aos poucos da matrix.⠀
E se você chegou até aqui: já foi gentil contigo hoje?
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