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Safari com emoção, por favor!

Eram 17h. Mal joguei o mochilão no chão do hostel, a pequena queniana chamada Uri veio perguntar se eu tinha interesse em fazer um safári. “Olha, não sei… queria mesmo era o Kilimanjaro, mas preciso pesquisar preços ainda”, lhe disse. Ela então respondeu que podia me levar na agência ao lado, que pertencia ao mesmo dono do hostel. Poderia haver descontos.

Comecei a procurar minhas coisas de banho no mochilão. Quando virei, Uri ainda estava na porta segurando a cortina e me olhando. “Let’s go?”

Uai, ela queria que eu fosse na agência naquele minuto? Tinha acabado de chegar! Desconversei, falei que queria me organizar. Ela deu um sorrisinho bobo e continuou no mesmo lugar. Saquei que ela não tinha entendido nada e ficaria ali até que eu resolvesse acompanhá-la – então foi isso que fiz.

Arrastei Glauco junto e, olha só, encontramos uma bela oportunidade: a agência tinha fechado um grupo de quatro pessoas pra fazer o safari, mas um casal tinha desistido de última hora por terem tido problemas com o cartão de crédito. Seria um prejuízo seguir a viagem com os outros dois apenas e pra preencher as vagas poderiam nos dar um desconto – 3 dias/2 noites entre Serengeti e Ngorogoro + 6 dias de Machame Route por US$ 1500 cada, tendo comida inclusa e sendo que optamos por não ter um porter conosco no Kilimanjaro. Pareceu um bom negócio, visto que o mínimo que cobram por dia no Safári é de US$ 140 e essa rota Machame não saía por menos de US$ 1300. Fechamos.

Uma nota importante sobre o Kilimanjaro: cheguei na agência querendo fazer a Coca Cola Route. Eu amo/sou doraventureira trilheira, mas pelo sedentarismo dos últimos meses achei que o mais sensato seria pegar a rota mais fácil. Mas Ibrahim explicou que a taxa de pessoas que conseguiam chegar ao pico era mais baixa do que a Machame Route justamente porque era subestimada. Além disso, a segunda podia ter um nível de dificuldade maior, mas também fazia um percurso de aclimatação muito melhor já que os acampamentos ficavam em uma altitude sempre menor do que o ponto mais alto da trilha de cada dia. Ele mostrou num papel o nome dos acampamentos que ficaríamos em cada um dos seis dias e pronto. Só mais tarde é que perceberíamos a cilada…

Partimos para o safári já no dia seguinte, às 6 da manhã, e às 9h chegávamos ao acampamento em que o casal britânico se encontrava para o café da manhã. Eles tinham começado dois dias antes e feito o Tarangire Park e, agora seguiríamos juntos pelo Serengeti e pela cratera de Ngorogoro. No caminho, já avistamos zebras, gnus. antílopes e ela, A leoa <3

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Rainha da selva admirando seu reinado

No fim do dia entendi que o negócio ia ser com emoção. Ao chegar no acampamento, fui correndo no banheiro e já descobri que não tinha papel. “Tá de boa”, pensei. “Sou treinada em jogos universitários e carnaval e ainda fiz pós em cervejadas, tá de boa.” Quando voltei pro carro, o motorista desempacotou os mantimentos e as barracas do carro e soltou um “vamos lá, gente! Vamos ajudar a montar as barracas antes que escureça!”

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Foi como mágica: no segundo em que ele disse isso, começou a chover como se fosse o fim do mundo. E tava frio. E a luz do dia realmente estava indo embora, então não tinha nem como esperar. “Gata, você não veio aqui pra ficar na mamata, não. Nenhuma surpresa aqui”, repetia pra mim mesma. Depois que terminamos (obviamente encharcados), fui correndo no banheiro pra tomar aquela chuveirada – só pra descobrir que não tinha água quente. Respirei fundo.

A cerejona do bolo veio na manhã seguinte. Acordei só pra encontrar um celular cheio de manchas pretas na tela. Não só se recusava a obedecer os comandos dos meus dedos como entrava e saía de apps como se tivesse vida própria. Quanto mais eu mexia, mais as manchas aumentavam e fui forçada a desligá-lo.

Concluí que, porque a tela tinha alguns trincos, deve ter sido invadida pela mesma umidade que penetrou a lona ao longo da noite chuvosa e que também molhou minhas roupas – além de não ter um plástico entre a terra e a barraca, faltava a capa de proteção no teto.

Dessa vez, eu falei e não foi pra mim: “sério mesmo, universo? Não podia ser menos perrengue, não?”

Ele me respondeu em forma de trovoada: “ué, minha filha, não era emoção que você queria?”

Tive que engolir. Afinal, tínhamos horário marcado pra tomar café da manhã e partir para o segundo dia. Com emoção, por favor!

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Pra ler sobre a experiência completa, acesse o link onde também conto minhas impressões e se o safari vale a pena 🙂

Marina Pedroso

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