A viagem no tempo

Se no Quênia eu vivia no futuro por estar à frente do Brasil, agora viajei pro passado: pra março de 2013, especificamente – e nem precisei de um Delorean pra isso. Tudo que fiz foi vir pra Etiópia, cujo calendário marca o dia 7 anos e alguns meses atrás do resto do mundo.

Eles também fazem o próprio horário – estão no mesmo fuso do Quênia, mas contam sempre -6h. Se são 17:30, então no relógio etíope são 11:30. Quer dizer, o sol começa a se por quando ainda não são nem meio-dia. Da mesma forma, até seis da manhã ainda é o dia anterior. Se deu nó na sua mente imagina eu aqui com horários de ônibus e encontros 😂

Pra completar, uma pergunta simples que fiz pra um amigo da tribo Banna desencadeou todo um choque cultural: ele não sabia sua idade porque não se registra o nascimento… mas aquele que decide ir pra cidade “ganha” um aniversário, uma data qualquer escolhida por um padrinho.

Há quem meça o tempo em rugas ou em ciclos solares, há quem meça por resultados ou por expedientes batidos. Pra alguns tempo é dinheiro e, pra outros, é líquido. Há, ainda, quem diga que o tempo cura tudo…

Mas o que tenho descoberto nessa viagem é que o que cura tudo mesmo é a verdade, não o tempo. A verdade nos liberta. E a passagem do tempo depende da verdade que você escolhe viver no momento: se for da escassez ou da fuga, você nunca vai ter tempo pra nada. Se estiver apaixonado, um minuto longe do mozão é diferente do minuto em que estiverem juntos. Um segundo ganha outro valor pra quem descobre uma doença fatal.

Sendo assim, o tempo é ilusão, o tempo é elástico, o tempo nem existe. É inventado, relativo, uma métrica. E, como uma métrica, algo que se molda às nossas crenças e verdades, não é esquisito que nos escravize tanto?

Então quem manda em quem? O tempo comanda você ou suas verdades sobre o tempo? Se for a segunda opção, é você comanda sobre suas verdades ou os outros?